Sonho ou Realidade

Será que somos uma sociedade inclusiva?
Os censos revelam-nos que um milhão e setecentos mil portugueses têm pelo menos uma incapacidade, dos quais quase meio milhão não consegue ver, ouvir, andar ou executar as várias atividades da vida diária como tomar banho, vestir-se, comer, compreender os outros e/ou fazer-se compreender.
Lancemos um breve olhar introspetivo à nossa postura face aos comportamentos e atitudes que, diariamente, adotamos perante a pessoa com deficiência…Não é tarefa fácil! Admitamos que é duro reconhecer a realidade. Vejamos as atitudes que ainda persistem em algumas das relações entre os “ditos normais e os considerados deficientes”:
Por um lado, ignoramos ou fingimos não ver essas pessoas, ou vemo-las simplesmente em situação de deficiência como pessoas doentes, dependentes, necessitadas de atenções e cuidados especiais na educação, na formação profissional, no emprego, enfim, na vida diária.
Por outro lado, vivemos uma incompreensível, inadequada e intolerada cultura de inferiorização, de incapacidade e de inutilidade da pessoa com deficiência, facto que nos diminui e envergonha.
Mas também olhamos a deficiência assumindo procedimentos de superproteção, com comiseração. Contudo, sabemos que esses procedimentos estigmatizam e discriminam de sobremaneira quem deles usufrui.
Coloquemo-nos, então, por breves momentos, no lugar do outro. Como reagiríamos?!...
Há que haver prudência, delicadeza e sagacidade na forma de agir, na aproximação e no relacionamento com o próximo. Atentemos que toda a discriminação, ainda que positiva, poderá estar associada uma forma de exclusão, de rejeição. Não tenhamos medo! Na Escola, na rua, no café, no trabalho ou no transporte público, olhemos as pessoas pelo que são – PESSOAS – e não pela incapacidade. O medo empobrece, conduz à exclusão, sejamos confiantes, porque confiança é inclusão.
Assumamos atitudes inclusivas em que a persistência, a igualdade e o amor sejam a nossa força, a nossa divisa.
À semelhança de Camões que, n’Os Lusíadas (Invocação), sentiu necessidade de pedir auxílio às Tágides para a execução da sua tão grandiosa obra:

“Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.” Os Lusíadas, Canto I. (I, 5)

peçamos também nós às entidades protetoras força, coragem e resiliência quanto baste para conseguirmos o nosso intento: promover uma sociedade cada vez mais inclusiva e mais justa onde o amor e o respeito pelo próximo sejam uma constante. E talvez um dia, quiçá, um qualquer Luís Vaz de Camões possa cantar em prosa ou em verso esta nossa gesta. – Que bela e harmoniosa epopeia seria aquela!..

O Grupo de Educação Especial 

cartaz

cartaz